segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Rabbit Hearted Guy.
Ainda não consegui comer hoje, nem tomar café, nem me acalmar por três minutos. É tanto nervosismo sem necessidade e egoísmo por necessitar, que eu canso. OHGOD, por que me fizestes TÃO CIUMENTO?
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Hum... hã de Leila.
Sim, aquela mulher que não era um fusquinha que tem que empurrar nos deixou nessa última madrugada. No auge dos seus quarenta. Num dia com um sol belo, azul. Pelo menos por aqui.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
30 Contos: 13 'A Lala Lala Não!'
Fernanda, ou Lala, foi quem me deu toda a base de qualquer tipo de educação musical, teatral e acadêmica. Graças a ela, e a caixas de feira enfileiradas em uma sala externa da antiga casa da minha vó, eu aprendi a ler aos 4 anos. Por consequencia, li todas as revistas Capricho (na época em que elas falavam sobre alguma coisa além de imbecilidades para meninas de 13 anos), e aprendi como funciona a cabeça de uma mulher devorando todas as Novas e Cláudias da minha mãe (talvez por isso preferi me relacionar sexualmente com homens, depois de descobrir o labirinto em qual eu ia me meter. Pura ilusão. É mais fácil entender a cabeça de uma mulher do que a cabeça de um homem, já que a maioria, não deixo de me incluir, pensa mais com a de baixo, fato.)
Fernanda brigava com a mãe, batia na mãe, e a mãe batia nela. Fernanda foi flagrada com maconha no guarda-roupa, Fernanda era meu herói. Imitava a Xuxa, era apaixonada pelo Sebastian Bach (toda vez que vejo ele com suas luzes, plásticas e gritinhos em Gilmore Girls, aquelas mariposas do estômago fazem uma festa em homenagem a nostalgia). Com ela, assisti todos os filmes do Leonardo DiCaprio na época do frisson de Titanic. A Praia de madrugada, comendo um strogonoff que não era strogonoff. Lembro de uma travessa com batata palha e alface. Só.
A Fernanda me subiu no sótão de casa, me ajudando a escalar uma porta e subir com a maior dificuldade. Minutos depois, eu chorava por não conseguir descer, e ela me trazia um pode de margarina vazio cheio de água com açúcar. Quase me acalmei, até o heróico salvamento do meu super pai. I try hard to have a father, but instead I had a dad.
Fernanda era skatista e me emprestava seus tênis batatões, suas calças largas e sua revolta adolescente, que em mim aflorou aos 9 anos. E dentro de mim ficou, vendo todas as críticas de toda a família em relação a ela. Fernanda engravidou aos 19. Escondeu a gravidez até o 9º mês. Só minha vó 'não sabia'. Fernanda andava com os caras do mal, tinha piercing, cabelo roxo, paredes pichadas e lia Christiane F. Fernanda era drogada, e diziam, prostituída.
Uns anos atrás encontrei Fernanda. Pôs silicone, alisou o cabelo. Sua filha anda como uma boneca. Se casou com algum filho de deputado (ou seria dono de despachante!?). Toda montada em roupas de marca. Toda alisada. Loira. Peituda. Dentes brancos, perfeitos. Casada.
Uns dias atrás encontrei Fernanda. Trabalhando no caixa de um super-hipermercado. Morando numa kitinet. Com olheiras, o alisamento mal feito. Empolgada em conversar, e eu num dia não tão legal de mim mesmo, nem dei muita atenção.
Minha heroína ou não, meu (anti) exemplo, Fernanda se reflete em mim todos os dias. Deus do céu se minha mãe percebe isso.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Blé, Blá e novas.
E sofro mais por falta de inspiração.
Ou de consideração por mim mesmo, e minhas palavras, as quais realmente não acho que valham muitos camelos.
Blá blá blá, a mesma coisa de sempre. Aqui volto e digo não mais voltar por que não mais irei e só sinto como se repetisse as mesmas coisas de antes. Mas enfim, aqui volto! Há.
Mudei de trabalho, mas a vida aqui dentro da rede continua a mesma. Sem nenhuma grande conspiração tentando arrancar minha identidade me fazendo sentir Sandra Bullock por algum momento. Sem nenhuma grande novidade no novo (velho) orkut, e fazendo mil testes inúteis pra saber que vilã de novela sou e que tara sexual tenho, na mais nova mania indie-hightech-moderninha, el Facebook. Atrasado, no mínimo.
Tirei o dedo de my ass em duas peças na semana passada, e elas já se foram, e só voltam ano que vem. Fiquei com vontade de mais, e mais virá, talvez. Alguns projetos em mente, nenhum no papel, talvez nenhum novamente se realizará. Blé, sempre in the same old innocence.
Fred Paivas me mordam, tu é o culpado por me fazer despejar novas carambolas aqui. Obrigado pela inspiração ofegante.
xxx
Alex.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Speak in Tongues.
Aí a minha faixa preferida do álbum, "Bright Lights".
30 Contos: 12 'Odeio Interpol'
É meia noite e cinquenta e seis, cinquenta e tantas músicas que já tentei ouvir e apagar com falsas pretensões o branco cada vez maior que entendo e pressiono como vazio dentro do espaço do meu quarto.
É escuro, é quadrado.
Em um canto, algumas roupas jogadas, tênis empilhados, almofadas largadas e não usadas, que teriam seu lugar certo senão fosse meu relaxo e minha falta de vontade de ajeitar o que teoricamente é ajeitado. Mesma falta que me impede de ter disciplina com meus textos, minhas tarefas e minha saúde. A falta que me faz e que não me deixa fazer. Falta vontade de escrever, de andar, de acordar. É frio, é inverno, e quase todos os dias acordam muito cedo e terminam muito tardes, sempre de início cinzas e em todo o seu percurso não se colorem, só suavizam seu tom em alguns momentos, mas vai de encontro ao preto enquanto mais passa. E termina frio, na minha cama. Quando debaixo das cobertas me encontro e a umidade do chão tão perto chegam até minha pele, em cinzas me desfaço, ou assim preciso e quero. Continuo quase inteiro, se não fossem pedaços dos quais nem sinto falta já se decomporem.
Mais um dia em que todos os meus eus são desperdiçados comigo mesmo, sem dar um pouco do que sou para receber de quem é, que me mantém vivo e me dá motivos. Mais um dia que começa igual e teima em demorar, mais uma semana.
Talvez eu tenha a ela, a cidade, a quem ainda não me entreguei. Talvez seja por isso que ela não me presenteia mais todas as manhãs com o cheiro de baunilha. Eu nunca lhe devolvi o agrado. No máximo uma caminhada no calçadão pra fumar um cigarro, mas meu comprometimento com essas ruas ainda não foi firmado.
Não sinto mais o vento forte que cortava meu rosto, no percurso de bicicleta até o trabalho. O pneu da bicicleta está murcho a semanas, e não me importo em cansar mais minhas pernas. Não tenho paciência para resolver coisas inúteis, como enxer o pneu da bicicleta. De imaginar, parar no posto de gasolina e encher o pneu, já me irrito com todo o caminho mental e o (não) esforço físico.
Ouço as mesmas poucas músicas a muito tempo. Sem saco para ouvir novas vozes, novas frases, novas melodias que se repetem. Sem saco para ouvir as antigas. Sem saco para ter saco. Sem saco para mim mesmo e essas neuras intermináveis e, às vezes passageiras.
Droga de crise de adolescência tardia. É isso? É uma versão aos 21 dos conflitos plastificados na “Malhação”? É patético a esse ponto?
Maldita psicanálise, que explica tudo. Por que diabos a explicação tem que ser tão óbvia? Qual é a razão da crise, de sentir a agonia de ser se o porquê está debaixo do meu nariz, tão visível quanto invisível, tão absurda, complicada e infantil. Tão complexa de sentir e ridícula de se assistir. Qual é o ponto em que isso tudo tem que realmente acontecer, tanta idiotice mental por instantes,tanta desnecesidades, tanto medo de nada se tornando pavor de tudo? É excesso de inteligência ou a falta dela?
Quem disse que todas essas coisas são necessárias? Quem disse que todas essas perguntas precisam de respostas? Quem me dera um dia acordar ignorante e sem sentido, sem enxergar nada além da vida mediocre que a maioria vive, sem se preocupar com significado de alguma coisa que ninguém de verdade deve saber. E será que quem soube um dia não foram suicídas, que por algum motivo o qual ninguém sabe, resolveram terminar suas partes nessa história sem pé nem cabeça.
Definitivamente minhas falas e minhas ações nessa peça nem começaram. Se for pra abusar das ridículas e pretensiosas metáforas que eu tenho usado até agora (veja bem, eu comecei esse texto cheio delas), eu poderia dizer que isso tudo é só o ensaio pra uma grande peça, e eu tô perdidamente perdido nos corredores dos camarins, sem saber a hora de entrarem cena e como construir meu personagem.
Auto aceitação em dúvida, auto estima em baixa? Diabos. Só queria sair de mim mesmo por alguns segundos, pra, talvez, ver que nem tudo é tão complicado assim, e que não passa de tempestade em um copo de água. Um ponto de vista internamente externo. Talvez um clone de mim mesmo seria meu melhor terapeuta, ou só me deixaria louco.
Enfim, no fim passa-se meia hora de várias palavras e dentro, a mesma sensação.
O trem buzina lá longe. Minha perna adormeceu. Meus olhos teimam em piscar de sono. 01:23 é a hora em que eu realmente percebo que eu odeio Interpol.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
30 Contos: 11 'Aquário'
Deixe meus peixes dourados entrarem pelo seu nariz, e vamos assistir seu corpo brincar de aquário. Deixe suas mãos sozinhas para brincarem com seu novo jogo de facas. Permita que seu coração bata sozinho e diga palavras desconexas sobre como se sobrecarrega.
Mantenha seu corpo fora do seu momento. Deixe que ele perca peso e sobrevoe nossas cabeças dentro dessa bolha verde-púrpura. Solte seus dedos do pé e dele faça sua mais nova e colorida sopa de letrinhas. Não forme palavras.
Em uma tempestade de assopros seus cabelos deixarão suas raízes. Goste você ou não, coloque-se em um copo com muito gelo e dois dedos d’água. Embebede-se do seu corpo, estando fora e não mais o sendo.
Permita-se gozar. A ressaca é o pós necessário.
terça-feira, 30 de junho de 2009
30 Contos: 10 ‘Revoluções de Ano Novo’ - A NOVA TERÇA
Mas que diabos são seus pensamentos, não mais que confusos dentro da sua cabeça, qual a minha obrigação em ajeitá-los e apresentar de uma maneira que a sua percepção extremamente morna normal entenda?
Por que não colocar minha cabeça pra frente e deixar cair as coisas como elas estão, sem criar regras nem sentidos (que me seguem, estão seguindo, como num túnel preto, juro). Não me segurarei mais nessa ponte em que todos estamos, entenda. Quero fazer um pouco o dia de amanhã mais o de depois de amanhã, um pouco noite de manhã e tarde na noite, tarde da noite.
Eis as resoluções para o ano novo:
Vou comprar uma grande samambaia azul pra colocar na sacada, e cada vez que fumarmos um cigarro lá, ela cantará canções de amor, entrando numa frequência não muito frequencial, fazendo o gato sorrir em coreografias não ensaiadas sobre nossos pés que estarão dançando.
Colocar minha cama que nem cama é num balanço, para num vai e vém blim plóm deixar de julgar meus sonhos, dormindo com pássaros (os animais que aqui estão não irão mais embora, é hora de interagir com as espécies).
Fazer músicas sem cifras nem tablaturas, nem notas destoando o que de verdade um conjunto de sons deveriam ser. Vamos fazer uma vaquinha (não tão animal) para dentro de dias podermos fazer de mais amigos acelerados cantando não uma parada de sucessos.
E enfim (sem final nem inicial), fazer das segundas intenções que tenho na terça um pouco mais de felicidade e de menos tempo se aproximando dos dias em que todos estaremos juntos na nossa casa na beira do mar. A família que escolhemos que brigará por mais amor do que podemos realmente dar, se é que há algum limite nessa troca que me faz tão bem e ainda dá algum sentido a essa bagunça toda.
Vamos trocar nossos travesseiros pra começarmos todos dormindo juntos?
terça-feira, 2 de junho de 2009
30 Contos: 09 'Oitava A'
Cada palavra não lhe fugia, cada gesto era analisado e cada dia mais altos números para o orgulho de quem um dia tanto de cinza pintaria seus quadros.
Chegava cedo, cedo sentava, cedo pensava. Regrado, ia contra quem contra as regras ia. Não muito longe duraria, não tão longe andaria e ainda mais perto seria de um dia largar os cadernos e seguir na frente de um futuro.
(Não atrás, não correndo, não seguindo, na frente, como se não ligasse).
Sem algum orgulho falso e com muita admiração, ele fugiu de algumas obrigações, e escondido criou sua própria versão de deveres. A pátria que se dane, ele tinha mais a dar a algo maior.
Não que o algo maior um dia chegue, mas até lá ele terá seus cadernos em branco, esperando o seu melhor texto.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
30 Contos: 08 'Um Pouco Sobre a Falta'
Parado em frente ao computador, tentando vomitar algo, fazem algumas letras saírem de mim com a facilidade com que antes dançavam na minha mente, ela disse que também não tem inspiração.
- Eu também tô assim, cara. – depois de ouvir alguns lamentos de como momentos felizes podem tirar de dentro algumas palavras e as transformar em confetes jogados ao alto, fazendo assim com que se percam.
Já poucas são, o máximo são me sinto, não minto se disser que não mudo por nada. Estranho pensar que quando não me sinto bem e não aqui pertenço um pouco mais de mim vaza pelos dedos, cai em sua tela branca e flui mais ligeiramente. Agora aqui inteiro estou, e só espero elas virem.
- Adorei o texto. Meio tosco no início, mas fica ótimo ao decorrer – disse ela, ao ler o do dia anterior.
Ótimo seria ser sádico e mágico. Fazer de vontades e sorrisos mais arte. Demora não, vai ver o acaso entregou alguém pra lhe dizer o que qualquer dirá.
E eu aqui, em silêncio, sem dizer nada.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
30 Contos: 07 'Trailers'
A garota dos grandes alargadores dentro do balcão ria das minhas falas, mau humor constante que se confundia com tantas gargalhadas, quase todas forçadas naturalmente no horário do lanche.
Nossos cafés frios e nossas fumaças, nossas dúvidas eram engolidas rapidamente para uma mais-rápida volta na quadra, relaxando nossos músculos e tirando pesos e medos da cabeça, em apenas algumas tragadas.
Voltava alegre, uma energia instantânea que esfriava rapidamente e discretamente mostrava o cansaço de mais um dia de trabalho forçado. O prazer dos primeiros meses era visível em alguns, e a agonia dos últimos dias brilhavam em meus olhos e de tantos outros.
Coca-cola como combustível, todos queriam fugir daquela grande sala de chão escuro, para um dia fingir, quem sabe voltar. E sentir saudades da mágica que um pouco de dor e a juventude criavam dentro daquela bolha.
Deixei minha gaveta cheia de pertences, coisas minhas, coisas de outros, coisas que não mais uso e algumas que me fazem falta. Quando fui buscar, soube que tudo havia sido jogado no lixo.
Dentro de um saco plástico na beira da rua, alguns pedaços de um pedaço de vida.
terça-feira, 26 de maio de 2009
30 Contos: 06 'Pequeno “Sim” Sobre o Não-Sentido'
Lembranças, pra que existem? Pra nos lembrar do que não mais quero e não mais tenho? Necessito que alguns pensamentos não sejam tão fixos e tão reais, muitas vezes desleais comigo mesmo.
To implicando com eu mesmo pra descomplicar o eu próprio. Desde sempre que crio alegorias e pinto sobre paradas, meu rádio toca músicas em discos riscados e meus filmes tem cortes nas melhores cenas. Desde sempre que eu existo e desisto de projetos, me refaço em alguns gestos e não sei bem certo como é.
Como ser, como fazer, como sentir, como dizer, manterei minhas perguntas sem cozinhar minhas respostas.
Tédio.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
30 Contos: 06 'Pequeno “Não” Sobre o Sentido'
Meu pé nem quer saber, se distrai em um vaivém ritmado e cortado pelo bate na mesa. Meus dedos (ágeis, quem sabe) procuram as letras e se repetem. A fortuna em riscos, vejo no papel, sobre a minha mesa, em algumas páginas sobre economia e negócios. Nada entendo.
Horário de trabalho, hora do café. Dois minutos, e passam-se filmes e músicas e danças e visões. Passo o mouse, teclo, passa o tempo.
Percorro os olhos em oito e me abismo por perceber que nem um pouco compreendo sobre toda a funcionalidade da minha mente, ser completo ignorante perto da complexidade que eu mesmo ou eu próprio, sou.
Complexo ou não, falta inspiração em alguns momentos e ela escava pelos meus dedos em outros em faltam palavras. Faltam e sobram ao mesmo tempo. Sempre, ou nunca.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
30 contos: 05 'Expectativa dos Expectadores'
A necessidade que criei de uma rotina calma e por ser calmo me acostumei, sendo meio preso e liberto por isso. Um pouco de vida normal, mas com o sino que bate (bato) sugerindo uma definição de normalidade da minha parte.
A minha parte que definiria nem definida é, a minha parte que se esconde talvez saiba, mas, por medo, não mostra a cara e não dá a tapa. Quem não esconderia um cadáver de si mesmo como forma de negar que ele existe, e por medo nunca abriria aquele refrigerador do porão, ansioso por encontrar aqueles pedaços cortados e não ainda decompostos, como em um filme barato, porém cativante, de Hollywood.
Criando uma ligação, até se compara essa rotina com algum filme, expectadores são só um detalhe. Quem precisa de expectadores com um ego maior que o próprio corpo?
quarta-feira, 20 de maio de 2009
30 contos: 04 'A Insistência Em Subir a Serra'
Não culpado me sinto, mas o frio consente e por mim se sente. Eu trago e assopro, ela diminui e eu uso minha lupa. Aumento algumas questões já esquecidas. Não esqueço as necessárias, reacendendo uma lareira sem carvão.
Fui lá fora por um instante, e senti. O frio voltou, e com ele alguns velhos sabores. Alguns passeios de bicicleta, tardes com chá de morango, ruas com árvores iguaiszinhas, algumas tortas de limão e intermináveis noites de pés-congelando. Não sei bem ao certo se sinto saudades, ou alívio, ou em alguns segundos frustrantes vontade de voltar.
Em certos dias já chorei, em certas horas já ri, e em todos os meus socos e tapas guardados já tirei o necessário pra sentir um pouco de calor. “Onde foi que eu errei” se transformou em “Não sou eu, é você.”.
Subi a serra com algum amor, desci em uma armadura de papel.
Last day of magic, where are you now?
Ps.: Metáforas e metáforas.
Lembrar de jogar as metáforas no lixo segunda-feira.
terça-feira, 19 de maio de 2009
30 contos: 03 'Redinha para Leite'
- Quem diria, você. – imitando minha tia-avó.
- “Quem diria, nós” – pensei.
- Quem diria e quem imaginaria – eu disse.
- Isso tudo que existe ao meu redor, fui eu quem criei. – saíram da boca junto com a cinza fumaça que fez um desenho no ar, se confundindo com o azul escuro do céu e alguns animais que dançavam em forma de nuvens. No cigarro amarro minha fé no café, em cada sacada.
O céu que só naquele canto da casa me entristece, fato de não agora oferecer. Quebrado por não saber mais aonde encontrar. Aceitaria a mais brega manta sobre meu sofá verde se pudesse reacender alguns dias novamente, e deixá-los queimar, como tantos outros.
- Já reviramos esse assunto várias vezes, e nada de novo – tomando um gole de café, e mais uma tragada de cigarro, ele disse – e isso tudo que existe ao meu redor, fui eu quem criei.
- Apaga algumas coisas que a gente não precisa. – pedi apagando a ponta do cigarro. – “Alguns dias. Algumas semanas e talvez alguns segundos. Talvez, alguns.” – pensei.
Sem perceber, todos os vícios jogados as três da madrugada, dentro de uma bola de borracha com água, pela sacada. Eu corria e via algumas sombras vindas de fora. Esperando que o tempo não passasse, passando por tempos que não esperava, um pouco atrasado, um pouco culpado.
- E isso tudo que existe ao meu redor, fui eu quem criei. – em mais um desenho de fumaça, algum outro dia – e poderia apagar algumas coisas.
Nem tão tarde demais, em formas que não reconheço, nas nuvens procuro enxergar como metades são criadas. E sem culpa acendo mais um cigarro.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Fiz zunzum e pronto (acabou chorare).
30 contos: 02 'Mamãe de Cueca'
Se fugi tantas vezes não me escondi nem privei. Se elaborei lógicas mentiras, para meu prazer escapei. Corri ao sossego quando precisei, e fugi quando precisou.
Ralei minha perna no muro ao lado do pé de tangerina.
Tingi meu pai em memórias não memoráveis.
Resolvi descer daquela roda gigante com cheiro de mato e fazer valer meu ingresso de entrada. O parque de diversões que pegou fogo quando fiz onze nunca teve brinquedos funcionando. As máquinas até hoje no mesmo sótão enferrujam, com sua (talvez nossa) preguiça.
E de repente, mamãe entra de cueca.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
30 contos: 01 'Molde'
Dito isso deito.
Dito e feito, choro.
Ligo para minha metade, diabos de celulares que nunca funcionam. Descarregam enquanto quem descarrega em água sou eu. Toques e soluços coordenados e embaralhados, logo fecho os olhos e os pêlos do gato preto laranja em meu ombro. Me assombro com a vontade de gritar. Não procurando pela minha primeira vez alta, assumo (eu sumo!) que baixo posso novamente pagar e tentar por um pequeno e caro preço.
Não quero mais me dissolver em pó para em água virar argila.
Saí do meu molde.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Copia e cola!
terça-feira, 28 de abril de 2009
Do you want to go to the seaside?
Quero a minha casa com meus amigos na beira do mar, beirando a felicidade que o mar faria. A água salgada traria de novo algumas piscadas de infância, levaria a falta embora e embora eu não acredito nisso, deixo dito.
Ah, que brisa
que de alguma maneira bagunça meus cabelos
por cima.
True or false, it may be.
Trilha sonora: The Kooks - Seaside
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Meia noite e cinquenta e um. E um mais dormindo, enquando um mais acordado.
Na TV o mesmo de sempre, a mesmisse presente, sinto como o mesmo. Acolhe em seu linguajar, trás vida a vida nova e atrás do que busco mostra-se o que escondo.
Aonde estará, pergunto sempre, sempre presumo que não sozinho. Pergunta fácil, não?
Já me irrito com os excessos de clichês. Me irrito com a dificuldade de encontrar um ponto aonde a diferença aponte e desponte como algo que em mim faz presente, tão normal e igual em todo o percurso, uso fácil. Uso fácil letras que perco.
Enfim, seu fim é delinquente. Já é frio e me assusta a maneira como os dias passam rápidos quando longe de quem alimenta minha neurose, neurótico fico eu. Me pergunto, aonde estará, me perco e junto, me perco longe, me acho em músicas, e me digo em faixas.
Diabo, por que essa ligação dos infernos? Quero a capacidade de em notas que saem fáceis dos meus fones de ouvido apenas musicar. Quero música vazia, somente a batida que me goze num prazer de agora, não mais um filme mental que me trás de longe palavras que já conheço, me apodreço em empoeirados tons. Me perco no meio de alguns soluços fáceis. Eu danço.
"Feliz Fim de Semana! É o que a equipe Linda Blair deseja aos possuídos pelo ritmo ragatanga."
Ligo a música e o fato dos prédios não importarem mais interferem numa linha de pensamento que nem mesmo sabia que existia, e se é que existe. Televisão aberta, abriremos. Quatro, programa médico, gente estranha e máquinhas hospitalares em vozes dubladas. Sete, um tiroteio e Bourne se perdendo rapidamente antes do comercial aonde Bacon mata cinco em cinco segundos. Dez, noiva prega, cabelos brancos bregas, pegadinha com a moça que bate bate feio maionese, procura-se um botão desesperadamente,clic, doze. Beijo do gordo, dezessete já. Os ministros falam coisas e ouvimos as coisas. Bate-bate boca a boca. Dezoiro chuvisco isco. Dezenove com tubinho pretinho curtinho com babado da nossa coleção de agora. AV1, AV2, Aviado. Abro a bandeja e despejo meu Gene Kelly. What a glorious feeling!
Of Montreal pra relaxar os músculos faciais.
Mais : www.myspace.com/ofmontreal
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Quadrado preto com aquele homem que lê o jornal e unzinho que espera. Mais abóboras e um pipi escondido, seus chineses abrem papéis. Tomada vermelha, caixa preta, caixona marrom. Carteira, óculos, chave chave, capa capa, televisão. Se intrometa, meta. Livro um livro dois livro três livro a cara. Dê, vê, dei. Gaudi tão grande e a flauta empoeirada. Pop dos anos 90 em papéis e cds. Cedi e tirei a bermuda, He-Man sobre o tapete branco mas-nem-tanto. Um chopp da Brahma acode a caneta e o pendrive. Contos de Jaraguá são aconchegados pelas minhas meias brancas primas do tapete, almofada em um manáge a trois. Coxas brancas coberta de pêlos castanhos. Cueca branca sob a coberta de pêlos marrons. Planta de verdade que parece de mentira, fotossíntesse pela cortina, que com o vento quase frio de um quase inverno quando quase balança. E se balança, não cai.
... e enquanto isso Madonna.
A parte do sexo somente pelo sexo.
Chego correndo em casa depois do trabalho e me pego sozinho. Me pego sozinho quando chego em casa. Necessito me pegar sozinho, como sozinho se pega. Qual estímulo não importa, tela grande, controle rápido, escolha, não se encolha. Estico minhas pernas, tiro a roupa. Seguro o meu sexo, sexo seguro me faço. Duas vezes, em duas horas. Não me sujo.
A parte em que o sexo se torna a falta.
Durante um segundo da segunda vez lembro de um banho não solitário. Seu rosto me sofre. Mas esqueço em milésimos de sofrer e o que me faz sofrer endurece o meu corpo. Me amorteço e me escapo. Me permito um pouco mais. Sentindo falta dos seus mamilos me torturo com as pontas dos meus dedos nos meus. A textura dos teus ombros. Teus ombros, nada igual existe. Já deixei claro que nada se compara aos seus ombros Dois ossos que saltam se mostram, esticam a pele macia manchada, pequenas pintas marrons. Me perco aqui e me acho lá. Imperfeições que espremo e que tu reclama. Lá perto dos cabelos tão poucos. E teus ombros, que se viram suavemente e apresentam a minha boca a tua boca que me apresente teu beijo ao meu beijo. Teu beijo, nada igual existe. Teus ombros e teus beijos.
A parte em que o sexo se torna a lembrança.
E me lembro do cheiro de menta, dos teus gestos rápidos e que me surpreendem, do inesperado que era estar dentro. De como pedia para acabar e de como teus beijos eram presentes e obrigatórios e de como eu nunca havia experimentado tamanho prazer em tão poucos segundos.
A parte em que choro escrevendo.
E que segurou a minha mão dentro do mini-ônibus que passava pelas casas onde duendes davam tchau, como se soubessem que nas outras vezes você não acreditaria tanto na magia dos pequenos. Teu cabelo ainda grande e tuas calças ainda justas. Sentando numa ponte, olhando o arroz crescer. Me chapando, fazendo a cabeça, me fazendo de tio, me fazendo de Juno, me fazendo alguma coisa que não deveria fazer se soubesse como faria importância e como faria rápido e como seria tudo. Me fazendo ver ir embora, e voltar. E ir, e só ir.
A parte em que não entendo.
Já acabei faz tempo. Não me sujo, já sabe. Tomo um banho, coloco uma roupa e a touca que você usava. Sento no tapete branco-mas-nem-tanto, tento tocar uma música mas o fator música já não se instala. Teus ombros ainda voam ao meu redor. Tenho medo de ter teus fantasmas como meus. Tenho medo de me estender e não entender. Tenho medo da minha boca não encontrar teus ombros iguais.
Eu não entendo, me estendo e não te tendo me perdi.
A parte logo abaixo do teu pescoço.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
O "porquê" do ser disso tudo assim desse jeito e se chamando assim.
Carambolas são estrelas que não aparecem, que apodrecem, amargas e não por muito tempo. Mas são estrelas, permitem e continuam.
Cinderela só espera seu amor. Enquanto isso ela faz faxina. E sonha.
A carambola da Cinderela está fresca, pronta para ser colhida e enviada por um Katamari ao céu.
"BUM", disse ele, "tarde demais".
Então vamos jogar carambolas pela vida e esperar por um céu mais estrelado.
E ele saiu da minha bolha. Mas dentro da bolha há MUITO sabão, então a bolha não estourou. Se ele tivesse se mantido seco, talvez o contato da pele com a camada de espuma fizesse essa bola que só cresce estourar. Mas não, ela tá aqui, com um pouco mais de ar, afinal, respiraram muito dentro dela.
Quantos mais entrarão aqui até que enfim ela estoure?
Quando que o Príncipe Cavalo irá buscar a Cinderela Mal Paga e dizer que tudo "vai ficar bem?".
E até quando eu vou acreditar em contos de fadas?
CARALHO, eu calço 43, a porra do sapatinho não deve servir!
Bem-vindo a Carambolaworld.