Parei com a virada que fiz quando não entendi nenhuma palavra minha.
Mas que diabos são seus pensamentos, não mais que confusos dentro da sua cabeça, qual a minha obrigação em ajeitá-los e apresentar de uma maneira que a sua percepção extremamente morna normal entenda?
Por que não colocar minha cabeça pra frente e deixar cair as coisas como elas estão, sem criar regras nem sentidos (que me seguem, estão seguindo, como num túnel preto, juro). Não me segurarei mais nessa ponte em que todos estamos, entenda. Quero fazer um pouco o dia de amanhã mais o de depois de amanhã, um pouco noite de manhã e tarde na noite, tarde da noite.
Eis as resoluções para o ano novo:
Vou comprar uma grande samambaia azul pra colocar na sacada, e cada vez que fumarmos um cigarro lá, ela cantará canções de amor, entrando numa frequência não muito frequencial, fazendo o gato sorrir em coreografias não ensaiadas sobre nossos pés que estarão dançando.
Colocar minha cama que nem cama é num balanço, para num vai e vém blim plóm deixar de julgar meus sonhos, dormindo com pássaros (os animais que aqui estão não irão mais embora, é hora de interagir com as espécies).
Fazer músicas sem cifras nem tablaturas, nem notas destoando o que de verdade um conjunto de sons deveriam ser. Vamos fazer uma vaquinha (não tão animal) para dentro de dias podermos fazer de mais amigos acelerados cantando não uma parada de sucessos.
E enfim (sem final nem inicial), fazer das segundas intenções que tenho na terça um pouco mais de felicidade e de menos tempo se aproximando dos dias em que todos estaremos juntos na nossa casa na beira do mar. A família que escolhemos que brigará por mais amor do que podemos realmente dar, se é que há algum limite nessa troca que me faz tão bem e ainda dá algum sentido a essa bagunça toda.
Vamos trocar nossos travesseiros pra começarmos todos dormindo juntos?
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