quinta-feira, 26 de novembro de 2009

30 Contos: 13 'A Lala Lala Não!'

Minha tia Fernanda tem uns 8 anos a mais do que eu, acredito. Depois de alguns meses de regime anti-paternal, acabei entrando em contato com o procriador que por me fazer foi (irres)responsável. Acabei trazendo pra casa aquela bagabem de passado e alguns cheiros dos meus anos antes dos 10. Os tempos em que eu era uma criança idiotinha.
Fernanda, ou Lala, foi quem me deu toda a base de qualquer tipo de educação musical, teatral e acadêmica. Graças a ela, e a caixas de feira enfileiradas em uma sala externa da antiga casa da minha vó, eu aprendi a ler aos 4 anos. Por consequencia, li todas as revistas Capricho (na época em que elas falavam sobre alguma coisa além de imbecilidades para meninas de 13 anos), e aprendi como funciona a cabeça de uma mulher devorando todas as Novas e Cláudias da minha mãe (talvez por isso preferi me relacionar sexualmente com homens, depois de descobrir o labirinto em qual eu ia me meter. Pura ilusão. É mais fácil entender a cabeça de uma mulher do que a cabeça de um homem, já que a maioria, não deixo de me incluir, pensa mais com a de baixo, fato.)
Fernanda brigava com a mãe, batia na mãe, e a mãe batia nela. Fernanda foi flagrada com maconha no guarda-roupa, Fernanda era meu herói. Imitava a Xuxa, era apaixonada pelo Sebastian Bach (toda vez que vejo ele com suas luzes, plásticas e gritinhos em Gilmore Girls, aquelas mariposas do estômago fazem uma festa em homenagem a nostalgia). Com ela, assisti todos os filmes do Leonardo DiCaprio na época do frisson de Titanic. A Praia de madrugada, comendo um strogonoff que não era strogonoff. Lembro de uma travessa com batata palha e alface. Só.
A Fernanda me subiu no sótão de casa, me ajudando a escalar uma porta e subir com a maior dificuldade. Minutos depois, eu chorava por não conseguir descer, e ela me trazia um pode de margarina vazio cheio de água com açúcar. Quase me acalmei, até o heróico salvamento do meu super pai. I try hard to have a father, but instead I had a dad.
Fernanda era skatista e me emprestava seus tênis batatões, suas calças largas e sua revolta adolescente, que em mim aflorou aos 9 anos. E dentro de mim ficou, vendo todas as críticas de toda a família em relação a ela. Fernanda engravidou aos 19. Escondeu a gravidez até o 9º mês. Só minha vó 'não sabia'. Fernanda andava com os caras do mal, tinha piercing, cabelo roxo, paredes pichadas e lia Christiane F. Fernanda era drogada, e diziam, prostituída.

Uns anos atrás encontrei Fernanda. Pôs silicone, alisou o cabelo. Sua filha anda como uma boneca. Se casou com algum filho de deputado (ou seria dono de despachante!?). Toda montada em roupas de marca. Toda alisada. Loira. Peituda. Dentes brancos, perfeitos. Casada.

Uns dias atrás encontrei Fernanda. Trabalhando no caixa de um super-hipermercado. Morando numa kitinet. Com olheiras, o alisamento mal feito. Empolgada em conversar, e eu num dia não tão legal de mim mesmo, nem dei muita atenção.

Minha heroína ou não, meu (anti) exemplo, Fernanda se reflete em mim todos os dias. Deus do céu se minha mãe percebe isso.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Blé, Blá e novas.

Ow baby, don't you know I suffer?
E sofro mais por falta de inspiração.
Ou de consideração por mim mesmo, e minhas palavras, as quais realmente não acho que valham muitos camelos.
Blá blá blá, a mesma coisa de sempre. Aqui volto e digo não mais voltar por que não mais irei e só sinto como se repetisse as mesmas coisas de antes. Mas enfim, aqui volto! Há.

Mudei de trabalho, mas a vida aqui dentro da rede continua a mesma. Sem nenhuma grande conspiração tentando arrancar minha identidade me fazendo sentir Sandra Bullock por algum momento. Sem nenhuma grande novidade no novo (velho) orkut, e fazendo mil testes inúteis pra saber que vilã de novela sou e que tara sexual tenho, na mais nova mania indie-hightech-moderninha, el Facebook. Atrasado, no mínimo.

Tirei o dedo de my ass em duas peças na semana passada, e elas já se foram, e só voltam ano que vem. Fiquei com vontade de mais, e mais virá, talvez. Alguns projetos em mente, nenhum no papel, talvez nenhum novamente se realizará. Blé, sempre in the same old innocence.

Fred Paivas me mordam, tu é o culpado por me fazer despejar novas carambolas aqui. Obrigado pela inspiração ofegante.

xxx

Alex.