quinta-feira, 23 de abril de 2009

As partes das lembranças definitivas no dia de hoje que me remetem ao teus ombros.

A parte do sexo somente pelo sexo.

Chego correndo em casa depois do trabalho e me pego sozinho. Me pego sozinho quando chego em casa. Necessito me pegar sozinho, como sozinho se pega. Qual estímulo não importa, tela grande, controle rápido, escolha, não se encolha. Estico minhas pernas, tiro a roupa. Seguro o meu sexo, sexo seguro me faço. Duas vezes, em duas horas. Não me sujo.

A parte em que o sexo se torna a falta.

Durante um segundo da segunda vez lembro de um banho não solitário. Seu rosto me sofre. Mas esqueço em milésimos de sofrer e o que me faz sofrer endurece o meu corpo. Me amorteço e me escapo. Me permito um pouco mais. Sentindo falta dos seus mamilos me torturo com as pontas dos meus dedos nos meus. A textura dos teus ombros. Teus ombros, nada igual existe. Já deixei claro que nada se compara aos seus ombros Dois ossos que saltam se mostram, esticam a pele macia manchada, pequenas pintas marrons. Me perco aqui e me acho lá. Imperfeições que espremo e que tu reclama. Lá perto dos cabelos tão poucos. E teus ombros, que se viram suavemente e apresentam a minha boca a tua boca que me apresente teu beijo ao meu beijo. Teu beijo, nada igual existe. Teus ombros e teus beijos.

A parte em que o sexo se torna a lembrança.

E me lembro do cheiro de menta, dos teus gestos rápidos e que me surpreendem, do inesperado que era estar dentro. De como pedia para acabar e de como teus beijos eram presentes e obrigatórios e de como eu nunca havia experimentado tamanho prazer em tão poucos segundos.

A parte em que choro escrevendo.

E que segurou a minha mão dentro do mini-ônibus que passava pelas casas onde duendes davam tchau, como se soubessem que nas outras vezes você não acreditaria tanto na magia dos pequenos. Teu cabelo ainda grande e tuas calças ainda justas. Sentando numa ponte, olhando o arroz crescer. Me chapando, fazendo a cabeça, me fazendo de tio, me fazendo de Juno, me fazendo alguma coisa que não deveria fazer se soubesse como faria importância e como faria rápido e como seria tudo. Me fazendo ver ir embora, e voltar. E ir, e só ir.

A parte em que não entendo.

Já acabei faz tempo. Não me sujo, já sabe. Tomo um banho, coloco uma roupa e a touca que você usava. Sento no tapete branco-mas-nem-tanto, tento tocar uma música mas o fator música já não se instala. Teus ombros ainda voam ao meu redor. Tenho medo de ter teus fantasmas como meus. Tenho medo de me estender e não entender. Tenho medo da minha boca não encontrar teus ombros iguais.

Eu não entendo, me estendo e não te tendo me perdi.

A parte logo abaixo do teu pescoço.


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