Perdia tempo entre tantas cenas. Limpando algumas caixinhas, realizava um trabalho fácil e ágil, dentro e fora dos meus limites, com a preguiça habitual com que vivo e respiro. Trazia algumas piadas sujas e algumas maneiras erradas.
A garota dos grandes alargadores dentro do balcão ria das minhas falas, mau humor constante que se confundia com tantas gargalhadas, quase todas forçadas naturalmente no horário do lanche.
Nossos cafés frios e nossas fumaças, nossas dúvidas eram engolidas rapidamente para uma mais-rápida volta na quadra, relaxando nossos músculos e tirando pesos e medos da cabeça, em apenas algumas tragadas.
Voltava alegre, uma energia instantânea que esfriava rapidamente e discretamente mostrava o cansaço de mais um dia de trabalho forçado. O prazer dos primeiros meses era visível em alguns, e a agonia dos últimos dias brilhavam em meus olhos e de tantos outros.
Coca-cola como combustível, todos queriam fugir daquela grande sala de chão escuro, para um dia fingir, quem sabe voltar. E sentir saudades da mágica que um pouco de dor e a juventude criavam dentro daquela bolha.
Deixei minha gaveta cheia de pertences, coisas minhas, coisas de outros, coisas que não mais uso e algumas que me fazem falta. Quando fui buscar, soube que tudo havia sido jogado no lixo.
Dentro de um saco plástico na beira da rua, alguns pedaços de um pedaço de vida.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
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pecado fazer isso com os pertences dos outros !!! ai ai viu .. :S
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